Este mês de março marca três datas muito importantes pra mim. A primeira, em 3 de fevereiro quando completei 51 anos como jornalista. A segunda, no dia 4, quando completei 80 anos de vida. E a terceira, em 23 de março, quando Carmem e eu completamos 56 anos casados.

Em datas assim é inevitável rever a jornada e auditar a caminhada. A vida começa de um jeito, vai mudando dia após dia e a gente não vê. Um dia, as datas fecham os ciclos e se torna impossível não rever contas.

Vi e revi minha jornada. Devo confessar sem arrogância, que gostei do que vi. Muitas oportunidades. Aproveitei bem. Outras perdi e outras deixei passar. Desafios desde muito cedo. Minha geração foi muito testada em tempos de muitas dificuldades como era o Brasil dos anos 40 e até hoje. Menos agora, mas muito mais complexidade em tudo.

Vi muitos Brasis nascerem, morrerem, renascerem. Vi gente poderosa sair da cena. Vi muita gente simples assumindo a cena. Naveguei entre muitas cenas. Numas fui protagonista no centro das questões. Noutras, fui espectador. Noutras fui conselheiro. E noutras, não pude fazer nada senão olhar e sofrer.

Igualmente, vi muitos Mato Grossos nascerem e vi muitos Matos Grossos morrerem e tantos renascerem. Naveguei por entre esses morreres e renasceres. Derramei lágrimas, mas espalhei sorrisos também. Mas fui marido, pai, avô e bisavó dentro dessa linha do tempo. Muitas vidas paralelas. Umas profissionais, outras familiares e tantas vidas sociais.

Hoje me divido entre olhares. Um pouco pra jornada até agora. Outros pro presente e tantos pro futuro. Vida longa pede olhares pro futuro. Afinal, foi ele a razão de tanta caminhada.

Renasço junto com a nova década. Imagino que os caminhos novos serão interessantíssimos. Tecnologias, inteligência artificiais, vida em outros planetas, contatos trans-humanos, novos modos de viver e de sentir a vida. Novas dimensões para os seres humanos livres de crenças e fés limitantes.

Estarei por aqui esperando por tudo isso. Na jornada...

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.