Quando falamos sobre estoque, nos referimos ao montante comum que existe em todos os lugares. Se você olhar a sua despensa da cozinha, você saberá a quantidade de creme de leite existente.

O estoque funciona basicamente assim: saldo anterior, acrescentando o que foi adquirido, diminuindo o que foi utilizado, só então teremos o saldo, o também chamado estoque final. Você pode fazer essa analogia com o estoque de qualquer produto, como no exemplo do creme de leite.

Em outras palavras, quanto mais utilizamos o nosso estoque de produtos, consequentemente, o estoque final será menor ou, quem sabe, até se esgotará.

Compare ainda com o carregamento da bateria do seu celular: se você deixou a noite toda carregando, pela manhã a bateria estará em 100%. Com a utilização do aparelho, haverá um consumo de bateria, como, por exemplo, chegando ao meio-dia, é provável que tenhamos uma carga aproximada de 50%, se avançamos à tarde e chegamos à noite, é provável que teremos a utilização de quase 100% da carga, nessa situação, é indispensável que recarreguemos a bateria, se quisermos ainda usufruir das funcionalidades do aparelho.

No caso da despensa, onde temos estoque de creme de leite, e considerando ainda o exemplo do aparelho celular, da questão da sua bateria, temos a seguinte informação: quanto mais usamos, mais gastamos. Se quisermos utilizar novamente, é necessário adquirir novos produtos ou repor a carga necessária.

Assim também é com o nosso autocontrole. Começamos pela manhã com uma carga de controle 100%, na hora do almoço essa carga é reduzida para 50%, e à noite a uma carga de quase 0%.

O que isso quer dizer? Que devemos organizar a nossa forma de trabalhar, pensar e decidir, para que estejamos em consonância com o estoque de autocontrole.  Decisões mais complexas e de difícil solução, devemos remanejá-las para o período da manhã, aquilo que tem uma relevância mediana deve ser decidido à tarde, e as que têm pouca relevância poderão ser decididas à noite.

Caso realize reuniões o dia todo, é preferível colocar as reuniões complexas pela manhã e as menos complexas à tarde.

Um detalhe muito importante é o seguinte: não gaste o seu autocontrole com questões irrelevantes e sem valor.

Como o autocontrole é uma energia esgotável, é necessário que readequemos a nossa forma de trabalhar e decidir, considerando o estoque de autocontrole. Agindo assim, é provável que teremos as decisões mais assertivas para a nossa vida, para a nossa família, para o nosso trabalho e para os nossos relacionamentos.

No site da “Superinteressante” temos a seguinte conclusão de uma pesquisa: “Se o professor Baumeister estiver certo, e o nosso autocontrole for limitado, eis aí a primeira técnica para melhorar seu desempenho. Bastaria aprender a gastá-lo o mínimo possível no dia a dia para poder lançar mão dele no que realmente importa. Por isso, use-o com parcimônia. Por exemplo, se no trabalho você gasta o seu autocontrole tentando evitar brigas com aquele seu colega folgado, é possível que de noite você não consiga resistir à porção de uma carne gordurosa no bar. Você simplesmente gastou toda a disciplina que tinha disponível”.

O interessante é saber que todos os dias podemos renovar a nossa carga de autocontrole, desde que tenhamos um descanso e uma mente equilibrada. Descanse e renove as suas energias. Foque no presente, e isso facilitará as questões conflitantes. Descanse e reponha as suas baterias todos os dias.

Vale a ressalva de que se treinarmos a nossa mente podemos aperfeiçoar o nosso controle, fazendo com que ela tenha domínio em todos os períodos e momentos da nossa vida, e, com motivação, não deixará que diminuamos ou esgotemos o autocontrole.

Saiba utilizar o seu autocontrole com questões relevantes e importantes. Não se envolva com questões pequenas, as quais desgastam a nossa energia. Aprenda a relaxar e a descansar, porque assim você terá um novo estoque de autocontrole todas as manhãs.

Francisney Liberato é Auditor do Tribunal de Contas.