Sexta-feira, 3 de maio de 2024
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Sem expectativa de resolução rápida, moradores de Chapada vivem drama financeiro

Primeiro, a pandemia afetou o setor do turismo como um todo, depois a reforma da praça, agora a interdição parcial da MT-251

Sem expectativa de resolução rápida, moradores de Chapada vivem drama financeiro

Foto: JL Siqueira/AL MT

A audiência pública realizada para debater a situação do município de Chapada dos Guimarães devido ao bloqueio parcial da MT-251 na região do Portão do Inferno deixou claro que não há solução a curto prazo. 

Mesmo após a finalização das obras para colocar as telas de contenção, que só devem acabar depois do carnaval, um dos principais eventos para a economia de Capada, o trânsito continuará no esquema de pare/siga em meia pista e proibido para cargas pesadas.

E a solução mais rápida para transporte de cargas, a pavimentação da MT-246, que liga a Estrada do Manso ao Distrito de Água Fria - uma rota de Cuiabá a Chapada com cerca de 120 km - não ficará pronta antes de outubro de 2024 e a MT-030 talvez nem seja iniciada este ano e também exigirá uma obra de arte complicada para subir a serra. 

Já a construção de uma solução definitiva no Portão do Inferno, onde ocorre a queda de blocos de rocha, está em fase de estudo e, a solução apontada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra), um túnel pelo paredão, deverá ter um custo elevado, além de necessitar de tempo para ser construída.


Perdas do carnaval, perdas acumuladas

O município de Chapada dos Guimarães possui dois setores econômicos distintos. Um deles voltado para agricultura do produtor familiar e de propriedades pequenas, proeminentemente rural. Outro focado nos estabelecimentos de recepcionar turistas, sejam com passeios guiados e hospedagem, sejam voltada para alimentação e entretenimento.

E esses dois setores foram afetados pela pandemia de covid-19. 

Depois disso, o setor de entretenimento e hospedagem da cidade passou a sofrer com a reforma da Praça Dom Wunibaldo, coração no centro urbano da cidade turística, que ficou um ano e meio fechado para visitação.

Na inauguração, vários comerciantes diziam ter esperanças de, enfim, recuperar o prejuízo acumulado. O primeiro passo seria aproveitar o réveillon, o segundo carnaval.  No segundo passo, viram o sonho se tornar pesadelo, como alguns relataram:

Lamentações

“Em restaurante de 40 mesas, só tem 4 a 5 mesas  ocupadas. Eu estou entrando em desespero. Eu peço, pelo amor  de Deus, ajuda nós. [...] Cuiabá mantém Chapada, então a gente precisa que os cuiabanos vão para Chapada para a gente sobreviver.[...] Na época da pandemia eu fiz 3 empréstimos pelo Pronamp. Como que eu vou pagar meus empréstimos? Como vou pagar meu Simples Nacional? Eu suplico a vocês, olhem por Chapada”, disse a senhora Espíndola, dona do restaurante.

“Era para estarmos vivendo a alta temporada do turismo depois de tanto tempo daquela situação da praça. Esses dias testemunhei uma diária de 87 reais. Imagine o desespero desse empresário. Era para nós guia de turismo estar com a agenda cheia, janeiro e fevereiro”, disse a guia  Natalie Neves, membro do Sindicato dos Guias Turísticos. 

“Hoje, eu to com 4 funcionários de férias e a próxima alternativa minha é a demissão. Tá difícil. Se não tiver o movimento agora, para fazer a gordurinha para aguentar a baixa temporada que é março, abril, maio, não temos o que fazer“, disse Márcio Willian.

Gentrificação

Em meio a tudo isso, houveram várias críticas a inércia do governo do Estado em resolver a situação. Aos chapadenses a memória das quedas de blocos de arenito na pista é antiga. Desde a década de 2000 fala-se em problemas no pontilhão da curva do Portão do Inferno e na época das obras da Copa do Mundo de 201, obras no Mirante de Chapada e no Mirante do Portão do Inferno foram vetadas por questões de fragilidade geológica.

Mesmo assim, nada foi feito. A situação sumiu dos holofotes com o passar do evento mundial  e da redução das quedas de bloco, mas sempre esteve lá. Para alguns dos presentes na audiência pública, o Estado não ter feito nenhuma ação foi ação planejada.

“Estou vivendo aqui algo que acontece no Brasil a fora e aqui já vi de perto. Em meados dos anos 1990, aqui começou com a instalação daquela estúpida Usina de Manso, que expulsou quem vivia lá no local. Hoje a gente vai à Manso e vê quem vive lá. É o que os sociólogos chamam gentrificação, expulsar sem precisar bater, mas pelo sufoco pelo poderio econômico. Chapada é um ponto turístico importante, portanto é de interesse dos hoteleiros de alto poder aquisitivo. Quebrar as pousadas, os hotéis, faz parte do jogo do capitalismo”, argumentou o geólogo Domingues, professor da UFMT.

Já para outros, demonstra incompetência. “E nós não queremos o governo do estado administrando o Parque Nacional. Toda essa situação mostra a incapacidade do estado em administrar parques, sejam nacionais ou estaduais”, disse Natalie Neves




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