Quinta-feira, 2 de maio de 2024
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Um semestre de extremos: temperaturas elevadíssimas e escassez de chuva marcam segunda metade de 2023

Profissionais que trabalham ao ar livre reforçam como têm se adaptado às mudanças climáticas

Um semestre de extremos: temperaturas elevadíssimas e escassez de chuva marcam segunda metade de 2023

Foto: Luiz Alves | Fablício Rodrigues

Muitos cuiabanos podem ter pensado que o emblemático ‘Segundo sol’ tantas vezes cantado pela saudosa Cássia Eller, de fato, poderia ter chegado na Capital. Seja logo nas primeiras horas da manhã, com o sol a pino, de tardezinha, ou quando já era noite, o calor não deu trégua no segundo semestre de 2023, que conseguiu bater recordes com temperaturas muito elevadas. Mas, isso não foi só culpa do principal astro do planeta. Nessa história climática de derreter, há muitos fatores que impactaram no efeito causado pelo calor latente, como a falta de chuva após um longo período de estiagem severa.

O Leiagora conversou com o climatologista e professor do departamento de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rodrigo Marques, que detalhou como ocorreram os picos de calor registrados na Capital mato-grossense neste ano. Segundo o especialista, o dia de mais calor foi registrado em 19 de outubro, quando a cidade registrou 44,2ºC, deixando para trás o dia mais quente já registrado em 2020, quando chegou a 44ºC.

“Estamos tendo mudanças no comportamento climático terrestre, então o que se verificou foi uma grande massa de ar quente que ficou estacionada sobre o Brasil Central, juntamente com um anticiclone que acabou inibindo a formação de nuvens e chuvas. Então este ar quente que ficou estacionado foi sendo ainda mais aquecido, o que resultou nestas temperaturas que nunca tínhamos sentido”, elucidou.

Como explica o pesquisador, o El Ninõ, fenômeno responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico além de ser responsável pelo aumento das temperaturas, é quase que proporcionalmente culpado pela baixa de chuvas, em específico em novembro. No mês da primavera, a típica ‘chuva do caju’ - aquela que marca o fim do período de estiagem - até veio, mas em baixíssimas proporções. 

Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia, a média de chuva para o mês de novembro, calculada em comparação aos anos de 1991 a 2020 seria de 194,6 milímetros. Contudo, neste ano choveu apenas o equivalente a 14% desse total, ou seja, 27, 5 milímetros. A baixa foi pior que em 2020, em que foram registrados 95,1 milímetros de chuva, ano em que o estado enfrentava graves impactos em virtude das queimadas no Pantanal. A situação piora ainda mais se a comparação for com o ano de 2018, quando choveu o equivalente a 409,6 milímetros.

O que fazer para melhorar? Quais as consequências, conforme os especialistas? São perguntas que não contemplam respostas a curto prazo, no entanto, as expectativas para os próximos anos também não são tão positivas.

“O que podemos esperar são eventos extremos de calor e seca mais frequentes, assim como o aumento de calor faz com que se aumente as chances de temporais, ou seja, eles devem ser mais frequentes. Apesar de que na média histórica tenha aumentado as chuvas em Cuiabá, temos a sensação de que está mais seco, e precisamos entender melhor se tem chovido muito concentrado em poucos dias. Estes extremos não estão restritos a Cuiabá, cidades como Poxoréu e Nova Maringá já registraram temperaturas superiores a 44,2°C”, considerou o professor.




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