Sábado, 4 de maio de 2024
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MT tem queda de 30% na cobertura vacina em dois anos: fake news e movimento antivacina são os responsáveis

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES ainda acrescenta que doenças já erradicadas fazem com que os pais ou responsáveis não acreditem na real importância da vacinação

MT tem queda de 30% na cobertura vacina em dois anos: fake news e movimento antivacina são os responsáveis

Foto: Imagem Ilustrativa

Todo mundo que já foi vacinado tem uma “marquinha” no braço que carrega por toda a vida. Esse “sinalzinho” diz respeito a uma das primeiras vacinas dada às crianças após o nascimento: a BCG. Além dela, muitas outras vem logo em seguida durante as primeiras fases de vida do bebê.

Essas vacinas aplicadas nas crianças, ainda durante os seus primeiros passos, são a forma mais eficaz de prevenir determinadas doenças, que podem levar a transtornos futuros ou até a morte. Por esse motivo, diversas são as campanhas de vacinação feitas no Brasil e no mundo, além disso, não são somente os pequenos que devem se cuidar, os adultos também têm o direito de se protegerem e se manterem vacinados.

Até por conta disso, as gestantes, por exemplo, devem iniciar a imunização dos seus filhos antes mesmo de nascerem, fazendo com que ela e a criança estejam protegidas. Logo depois e ainda na maternidade, o bebê receberá a vacina BCG, que protege contra a tuberculose.

Mesmo sendo tão importante e difundida com frequência pelos órgãos governamentais, ainda é baixa a adesão desse público infantil. Um levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) apontou queda na cobertura vacinal das crianças no comparativo entre 2022 e 2023. Os dados foram levantados até maio deste ano.
 

COBERTURA VACINAL DO CALENDÁRIO DA CRIANÇA

Imunobiológico

Total de crianças imunizadas

Cobertura 

em 2022 (%)

Total de crianças imunizadas

Cobertura 

em 2023 (%)

BCG 

(tuberculose)

55.353

95,7

37.469

64,78

Rotavírus Humano (diarreia)

47.828

82,69

33.084

57,2

Meningococo C 

(meningite)

50.795

87,82

31.581

54,6

Penta

 (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e influenza B)

49.656

85,85

33.391

57,73

Pneumocócica 

(pneumonia e meningite)

53.519

92,53

34.912

60,36

Poliomielite

(paralisia infantil)

48.684

84,17

34.010

58,8

Febre Amarela

40.887

70,69

31.008

53,61

Hepatite A

45.942

79,43

33.385

57,72

Tríplice Viral

(sarampo, caxumba e rubéola)

50.356

87,06

33.004

57,06

Varicela

(catapora)

42.536

73,54

28.700

49,62

Fonte:sipni.datasus.gov.br/tabnet


A pesquisa demonstra uma redução de aproximadamente 30% na cobertura vacinal entre os dois anos. Em números, essa diferença é de quase 30 mil crianças que ainda não foram vacinadas, levando em consideração que os dados deste ano foram computados até maio, apenas. A superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Alessandra Moraes, explicou que os maiores responsáveis por essa redução são as fake news, o movimento antivacina e a desinformação.

“A queda da vacinação já vem acontecendo desde 2015, já se observava ali quedas de vacinas começando a acontecer e isso foi piorando ao longo dos anos por diversos fatores. Dentre eles as fake news, o movimento antivacina e o desconhecimento pelos pais de doenças que podem levar seus filhos à morte”, disse em entrevista dada ao Leiagora.

Ela também comentou que doenças já erradicadas e que podem levar à morte, como a poliomielite, por exemplo, fazem com que “os pais já não identifiquem a ocorrência dessa doença e isso deixa de ter gravidade para eles. Eles não entendem porque o filho precisa tomar uma vacina de pólio”. Nesse sentido, Alessandra alertou que o vírus ainda existe, está em circulação no mundo, e pode haver reintrodução dele no Brasil, por isso a importância de se manter prevenido com as vacinas.

A superintendente reforçou que a ajuda de um especialista capacitado e atuante na área pode tranquilizar os pais ou responsáveis. “Eu sempre oriento a um pai e uma mãe que se você tem dúvida, busque um profissional de sala de vacina para que ele possa te esclarecer e falar dos fatos científicos do benefício da vacinação.”

Em relação aos números, que não são considerados ideais, já que o Ministério da Saúde cobra por uma taxa de vacinação superior aos 90% ou 95%, Alessandra comentou que os valores descritos pela tabela ainda serão atualizados pelos municípios.

“Os municípios têm até março do ano de 2024 para poder lançar todos os registros de vacinação. Então, analisar o ano de 2023 no ano de 2023 é incipiente porque pode ser que o município tenha feito a vacina e ainda não tenha lançado no sistema. Então, a gente nunca olha o ano em que está em vigência, porque ele não reflete necessariamente o que está ocorrendo naquele momento.”, esclareceu.

Alessandra ainda apontou que muitas mudanças vêm sendo feitas pelo Ministério da Saúde, inclusive, para melhorar o repasse de informações municipais e estaduais sobre a cobertura vacinal.

“Hoje nós estamos com muita dificuldade com o sistema de informação e que não é uma questão do município ou do estado, porque ele é um sistema do Ministério da Saúde, que tem trabalhado para solucionar esses problemas, mas ainda sim são questões bastante complexas. No entanto que nós estamos com o banco atualizado somente com vacinas até maio. Isso é um problema porque a gente sabe que os municípios estão digitando suas informações e isso tá ficando represado”, afirmou.

Mesmo com esses empecilhos e com o baixo índice de vacinação levantado até o momento, a superintendente diz que a expectativa é de que até o fim do ano a cobertura vacinal alcance os 80%, o que ainda não é o ideal, mas está equiparado ao ano anterior.

“Nós chegaremos sim ao final deste ano com uma média de vacinação dessas crianças acima de 80% a 85%, o que não é o ideal, mas é um sinal de que os municípios ao menos não estão baixando as suas coberturas, ao contrário, demonstra que eles estão empenhados em trabalhar para que essa cobertura aumente”, finalizou.

Vacinação municipal

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso divulgou um ranking com os 42 municípios com as piores taxas de vacinação. O levantamento foi feito pela SES e estipulou as separações por tipo de vacina, como a BCG, Pentavalente, Poliomielite e Tríplice Viral.

Os municípios de Nova Nazaré, Porto Estrela e Pedra Preta, por exemplo, possuem as menores taxas de cobertura vacinal para BCG, imunizante que deve ser aplicado em crianças menores de 1 ano e que atua contra a tuberculose. Já as cidades de Tangará da Serra, Torixoréu e Itaúba têm as maiores taxas vacinais.

No caso da pentavalente e da poliomielite, também aplicadas nos primeiros meses de vida dos pequenos, locais como Torixoréu, Lambari D’Oeste e Nova Nazaré apresentam as menores coberturas vacinais. Para a pentavalente, os municípios de Denise, Guarantã do Norte e Feliz Natal possuem o melhor índice de vacinação. Já na Poliomielite, o destaque positivo vai para as cidades de Denise, Poconé e Feliz Natal.

Para a Tríplice Viral, aplicada em crianças menores de 2 anos e que imuniza contra o sarampo, caxumba e rubéola, as localidades de Rondonópolis, Campinápolis e General Carneiro têm os piores indicadores. Em contrapartida, Rio Branco, Rosário Oeste e Araputanga despontam com as melhores coberturas.

É possível acessar o documento completo aqui.

Em prol da Vacinação

Recentemente, no dia 26 de outubro, o governo federal criou o Comitê de Enfrentamento da Desinformação sobre o Programa Nacional de Imunizações e as Políticas de Saúde Pública. A iniciativa foi criada em decreto publicado no Diário Oficial da União e faz parte de um conjunto de ações que têm como meta a recuperação das altas coberturas vacinais no país e o enfrentamento aos efeitos da desinformação.

O comitê será coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e terá a participação da Advocacia-Geral e da Controladoria-Geral da União; além dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação; Justiça e Segurança Pública; e da Saúde. Cada órgão terá quatro representantes no grupo, sendo dois membros e dois suplentes.





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