No último artigo escrito aqui neste espaço, “Urbano contra rural”, descrevi o Brasil de produção do agronegócio e de pecuária que avistei ao longo de uma viagem de 3.600 km, nos estados de Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, em itinerários diversos na ida e na volta.

Falei da montanha de produção que a agropecuária produz nessas regiões e no restante do Brasil. Mas não é possível falar só da agropecuária.

Atrás da produção primária entra a indústria com milhares de maquinários, de caminhões, de automóveis, de fertilizantes, de inseticidas, defensivos agrícolas e uma série infinita de cadeias produtivas conexas.

Da mesma forma não se pode deixar de falar no comércio de vendas de produtos da indústria de maquinários, mas das indústrias de alimentos, de produtos de todas as naturezas consumidas pela sociedade toda.

Da mesma forma não se pode deixar de falar das enormes cadeias produtoras de serviços de saúde, de educação, de tecnologia, de medicina, etc. São cadeias infinitas que geram milhares de empregos e bilhões em impostos.

Tudo isso gera impostos numa escala fantástica que levou o orçamento da nação brasileira ao imenso valor de R$ 3 trilhões e 300 bilhões em 2023, e estimado em R$ 4 trilhões e 220 bilhões em 2024.

É muito dinheiro, distribuído nos orçamentos setoriais do próprio Executivo, para o Poder Legislativo, para o Poder Judiciário, para o Ministério Público Federal e para o Tribunal de Contas da União. Mas muito mais gente recebe dinheiro saído dos cofres do Tesouro Nacional. É uma farra!

A qualidade do gasto federal é vergonhosa. É feita por burocratas e por tecnocratas, além de parlamentares e de ministros das pastas que compõem o Estado brasileiro.

Gente profundamente ignorante. Nunca viu um pé de couve. Muito menos um cavalo. Não distingue um parafuso de uma mola espiral. Mas, com seus smart-fones maravilhosos e gravatas de seda de grife, determinam o gasto de 4 trilhões e 200 bilhões de reais.

Fazem isso com baixíssimo comprometimento com a lógica contábil, ou com a realidade da pobreza brasileira nas pontas da sociedade. Muito menos com o reconhecimento do esforço de quem trabalha e produz no país de ponta a ponta.

Voltarei ao assunto sobre o empobrecimento da gestão pública e da inteligência brasileira.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.