Terça-feira, 30 de abril de 2024
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Artigos || Roberta D'Albuquerque

Quase dezembro. Opa, pera aí.

Foto: Reprodução

Faz uns 3 meses que me sinto como se dezembro fosse. Eu amo dezembro. Muito. Por causa do sol, da esperança de futuro, da proximidade de janeiro - o mês mais bonito do ano -, dessa sensação de férias, embora eu seja adulta e não tire férias em dezembro. Pois que faz uns 3 meses que vivo como se dezembro fosse.

Até que chegou o primeiro de dezembro e eu passei batido. Batido, batido não, porque primeiro de dezembro é aniversário da Yanita, minha amiga que vocês ja conhecem. Me alegrei por ela que ama aniversário, falamos rapidinho, nos agradecemos pela companhia uma da outra, combinamos um encontro. Mas é que bateu mais como o aniversário da Yanita do que o início de dezembro, sabe? Aí hoje, comecei a folha de caderno com um São Paulo, 12/23 e foi aquele
espanto: “já?”.

Esse foi um ano bem particular. E talvez tenha sido como todos os outros, mas percebi com alguma nitidez maior, não sei. Fato é que daria pra dizer que foi o ano mais difícil até aqui, na mesma medida em que foi o melhor ano da vida adulta, foi lindo e foi triste, foi cheio de esperança e com medo realista do fim do mundo, foi transformador e foi do tipo “melhor deixar pra lá”. Nenhuma das possibilidades é imprecisa.

Mas o que talvez 2023 tenha trazido de novidadeiro, pelo menos pra mim, foi a certeza de que já não tenho mais tempo a perder. Mesmo. Ano que vem, faço 46. Estou lendo como o início da segunda metade da minha vida. Isso se eu for otimista, porque a expectativa para mulheres, segundo o IBGE, é viver até os 79, me dei 11 a mais. Passei de meio-dia. Tu entende essa sensação? Às 18h, a depender de onde se mora, já não tem mais nem sol. Não é necessariamente terrível, a noite pode ser uma delícia. Eu amo as noites de dezembro, por exemplo, vento quente, um monte de luz. Ontem mesmo, pedalei 40 km à noite. Dormi cansada e vivíssima. Mas é que chega uma hora que o dia amanhece. Acaba a noite. Pronto, acabou.

Ao leitor que ainda está longe da metade ou ao que já vai mais perto da madrugada, faço o mesmo convite. Bora parar de perder tempo, minha gente? Bora pensar no que é importante de verdade? Seja o que for. Pra mim, o importante é a poesia, as meninas, minha mãe e minha irmã, minhas amigas, meus gatinhos, meu trabalho, os livros e os discos, o amor, a viabilidade de vida boa, mas da vida boa pra todo mundo. E pra tu? Talvez dê pra começar por aí. Aproveita a primeira semana de dezembro pra se perguntar. O que é a poesia pra ti? Essa coisa que pula da boca antes da gente editar muito a resposta. Bora pensando juntos. Beijo grande e boa semana.


Roberta D'Albuquerque é psicanalista, atende em seu consultório em São Paulo e escreve semanalmente no Gazeta Digital e em outros 17 jornais e revistas do Brasil, EUA e Canadá. E-mail: contato@robertadalbuquerque.com.br
 

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