Quinta-feira, 18 de abril de 2024
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Artigos || RENATO DE PAIVA PEREIRA

Chovendo no molhado

Os culpados da mortandade pela Covid não estão no terceiro escalão

Mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito foi instalada. De novo, montaram o ringue de disputas verbais para ver quem fala mais e melhor. Nela ninguém busca a verdade, mas somente as versões, da forma que convém a cada um.

Esta CPI da Covid enveredou na busca dos responsáveis por possíveis fraudes, ouvindo pessoas que estariam envolvidas nas negociatas. Mas, os verdadeiros culpados da mortandade não estão no terceiro escalão. O buraco, neste caso, é mais em cima. Foi a cúpula do governo, que por motivos ideológicos e eleitorais, expôs o povo ao contágio.

Ninguém, nem os bolsonaristas mais convictos, desconhecem a luta do Presidente contra as máscaras, sua campanha culpando os governadores que decretam medidas sanitárias e insistência em fazer, irresponsavelmente, ajuntamentos de seguidores.

A Covid, como sabemos, prolifera através de vírus, que são transmitidos e receptados pela boca e nariz, também por utensílios ou superfícies de contato.

Ora, se a transmissão se dá pela aproximação entre os humanos, qual seria a melhor forma de evitá-la? Claro, não encontrar com pessoas contaminadas.

Tá, mas isso nem sempre é possível, as pessoas precisam trabalhar, deslocarem-se em ônibus e trens, onde inevitavelmente se encontram. Aí que entra a segunda medida, que é o uso de máscaras por toda a população. Elas, se não protegem totalmente, pelo menos reduzem muito as chances de transmitir ou contrair a doença.

A terceira medida seria nunca colocar a mão na boca, no nariz ou nos olhos sem ter certeza de que ela está limpa. Para garantir esta limpeza usa-se o álcool em gel. Então, se não é possível evitar encontros, fique o mais longe possível do outro, use máscara e limpe as mãos.

Os leitores, que já convivem há mais de um ano com a pandemia, sabem que estou “chovendo no molhado”, e que todo mundo conhece estas medidas de cor e salteado. Todavia, mesmo sabendo, alguns não a praticam. O mais importante dos brasileiros, aquele que poderia influenciar milhões positivamente e evitar a morte de milhares, sempre conspirou contra todos esses cuidados profiláticos.

Para piorar, recusou-se a comprar as vacinas no tempo oportuno e especializou-se em combatê-las, dando destaque a quaisquer notícias menos alvissareiras a respeito delas, ironizando algumas e ridicularizando outras.

Seguindo seu exemplo, muitos seguidores replicam alegremente notícias inidôneas nas redes sociais, questionando a eficiência das vacinas, exagerando seus efeitos colaterais e até divulgando inverossímeis ideias conspiratórias.

O mundo inteiro entende que só controlaremos a pandemia com a vacina, e sabe também que enquanto ela não estiver aplicada nas pessoas não dá para abrir mão do distanciamento, das máscaras e da higienização constante das mãos.

O Bolsonaro pode ser um bom presidente para muitos, mas, definitivamente, no combate à pandemia, ele está agindo dolosamente errado.

Aos seus seguidores convictos eu diria que o reelejam se quiserem, mesmo porque estamos sem outra opção, mas preservem suas vidas. Não contem com Presidente para se protegerem da Covid, pois, através de atos, ele repete com as vacinas e as máscaras o que disse publicamente para as interpelações da CPI: “caguei pra elas” *
*Perdão pela citação da deselegante chulice presidencial.

 

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor

 

 
 

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